O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Meus livros podem ser vistos nas páginas da Amazon. Outras opiniões rápidas podem ser encontradas no Facebook ou no Threads. Grande parte de meus ensaios e artigos, inclusive livros inteiros, estão disponíveis em Academia.edu: https://unb.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida

Site pessoal: www.pralmeida.net.

domingo, 7 de dezembro de 2025

Correspondência secreta de Putin a Trump neste sábado 6 de dezembro (interceptada pelo Anonymous)

 Correspondência secreta de Putin a Trump (interceptada pelo Anonymous) neste sábado 6 de dezembro:


"Caro amigo, desde nosso encontro no Alaska (um velho território russo como você deve saber, que cedemos a vocês amistosamente), tenho ficado cada vez mais reconfortado pela sua muito bem-vinda compreensão pelas razões russas de segurança nacional de nos opormos à expansão da Otan sobre nosso entorno imediato, primeiro pela proposta americana para um cessar fogo na Ucrânia, à qual o Zelensky continua a se opor irracionalmente, e agora pelo seu excelente documento sobre a Estratégia de Segurança Nacional, que reconhece plenamente que o meu país, a Rússia, não representa nenhuma ameaça aos Estados Unidos e a seus interesses no Hemisfério Ocidental. Estamos prontos e dispostos a iniciar imediatamente nossa colaboração econômica e entendimento político com o G7 e restabelecer nossos laços econômicos e de negócios com os Estados Unidos. Não deixe que os loucos de Kyiv destruam o seu plano tão bem construído.
O abraço do seu amigo Vladimir, com saudações a Melania, Jared e todos os seus."

O pessoal do Anonymous ainda não sabe o que Trump respondeu.

Could Brazil’s mega-election herald the end of polarisation? - The Economist, Comment Paulo Roberto de Almeida

A Economist pergunta na sua edição de final de ano dedicada aos "prognósticos" para 2026:


The Americas in 2026
Could Brazil’s mega-election herald the end of polarisation?
Brazilians are tiring of both Jair Bolsonaro and Luiz Inácio Lula da Silva
The Economist, December 6, 2025

PRA: Fim da polarização? Seria muito otimismo. Ainda não vejo luz no fim do túnel.
A esquerda é persistentemente equivocada na economia, não tanto em direção ao desastre, mas confirmando nos sa tendência de quatro décadas de estagnação.
A direita, hoje dominada pelos idiotas bolsonaristas e por uma direita extrema, radical na sua oposição não só ao lulopetismo, mas ao próprio país, assim como pelos traficantes de emendas parlamentares de maneira geral, não tem respostas aos problemas do país, e pretende continuar extorquindo a nação por vias legais, assim como os aristocratas do Judiciário e o alto mandarinato do Estado.
Desculpem ser pessimista, mas não vejo homens aos quais eu poderia chamar de estadistas, NENHUM!
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 7/12/2026

Minas e as formigas - Ary Quintella, sobre o livro de Dawisson Lopes, De Bonifácio a Amorim (Estado de Minas)


Minas e as formigas

Os mineiros são um povo privilegiado, ao poder contar com a Universidade Federal de Minas Gerais. Alguns dos diplomatas brasileiros mais preparados e competentes que conheço nas novas gerações do Itamaraty lá estudaram. Para minha sorte, alguns já trabalharam comigo.
Pela editora da UFMG, lançou-se este ano o livro De Bonifácio a Amorim, de Dawisson Belém Lopes, professor de Política Internacional e Comparada naquela universidade. Antes de encomendar a obra, eu supusera que se trataria de uma história da política externa brasileira. Não tinha ainda tomado conhecimento do subtítulo: “Elementos de uma teoria social da política externa brasileira”.
Foi uma boa surpresa constatar que o enfoque adotado é diferente de uma análise histórica, porque a obra que será o texto clássico, nesta geração, sobre a história da política externa já existe — trata-se do estupendo livro do embaixador Rubens Ricupero, A diplomacia na construção do Brasil, de 2017, que mereceu no ano passado uma segunda edição.
Diferentes pontos de vista sobre a evolução da política externa brasileira serão sempre úteis e bem-vindos, e Dawisson Belém Lopes está plenamente preparado para um dia apresentar o seu, se assim quiser, mas a tarefa a que ele se dedicou em De Bonifácio a Amorim é outra e é igualmente importante. O autor do prefácio é justamente Rubens Ricupero e ele o inicia com a frase: “Originalidade é a impressão predominante de quem abre e folheia este livro”. Recolhi da leitura o mesmo sentimento.
É uma análise sociológica da diplomacia brasileira e do Itamaraty o que nos propõe Dawisson Belém Lopes, e é daí que decorre o ineditismo de seu novo livro.
Discute o autor como a diplomacia brasileira tem-se adaptado, ao longo dos duzentos anos desde a Independência, para lidar com fatores internos e circunstâncias externas que provocaram, com maior ou menor sucesso, mudanças ou permanências no Itamaraty. É na Conclusão que encontro a definição mais clara do objetivo do livro, em frase colocada em itálico pelo próprio autor: pensar o bicentenário do Brasil a partir das raízes sociais de sua política exterior.
Cito um trecho que me parece ilustrar bem o sabor da singularidade do estudo de Belém Lopes: “Embora a fama meritocrática do Itamaraty não fosse infundada, dado seu histórico de recrutamento rigoroso e excelência profissional, a era pós-golpe [de 64] viu essa imagem ser manipulada para servir aos interesses do regime militar. O Ministério propalou imagem de neutralidade e eficiência burocrática para o mundo externo, o que ajudou a mascarar a natureza profundamente política de suas operações reestruturadas”.
Um tema, sobretudo, o do elitismo e conservadorismo, serve para que o autor analise o longo processo de continuidades no Itamaraty. Em coluna anterior neste jornal, que intitulei “Um Brasil consciente e forte”, tratei de uma entrevista que meu pai conduziu, em 1970, com o senador e ex-chanceler Afonso Arinos, em que o político mineiro explicitava a frustração que experimentara ao chefiar o Itamaraty. “Só encontrei resistências, incompreensões e obstáculos às minhas ideias”, relatava Afonso Arinos, que enfrentou da parte dos diplomatas brasileiros, e apesar de suas impecáveis credenciais aristocráticas, obstinada oposição para implementar a chamada “Política Externa Independente”.
Na avaliação de Belém Lopes, há uma “interação entre interesses econômicos dominantes e a gestão diplomática”. Entende, por exemplo, que “Não se explica o comportamento histórico do Brasil na arena internacional, tampouco as orientações contemporâneas do Itamaraty ao chefe de Estado, sem recorrer à base econômica do poder nacional, responsável, ademais, por construir uma identidade de país exportador da periferia capitalista global”.
Em vários momentos de sua narrativa, Dawisson Belém Lopes insere “estudos de caso”, todos fascinantes, nos quais examina de maneira mais concreta até que ponto fatores domésticos podem afetar a formulação da política externa. Ao frisar nossa “identidade de país exportador de gêneros agrícolas”, importador de fertilizantes, sustenta que a resposta brasileira à guerra na Ucrânia seria “profundamente informada pelo desproporcional peso político da velha elite agrária”. Esse é um ponto em que não compartilho inteiramente de seu diagnóstico, pois vejo razões geopolíticas sólidas para embasar a posição brasileira tendente ao apaziguamento das tensões. O próprio autor matiza sua opinião ao comentar, corretamente, que o Brasil “vê a paz e a estabilidade como pré-requisitos para o desenvolvimento econômico e a prosperidade global”.
Os “estudos de caso” criados pelo professor Belém Lopes, particularmente apropriados, permitem que ele se debruce de forma profunda e detalhada sobre determinado fato ou momento para iluminar aspectos da práxis externa brasileira. Gostei particularmente do estudo de caso referente ao BRICS, em que ele apresenta uma verdade fundamental, mas nem sempre assim percebida, sobre a história da política externa brasileira: “As mudanças de direção que houve, via de regra, resultaram de cálculo e determinantes estruturais, não de idiossincrasias e frivolidades”. Sua conclusão é de que termina geralmente por prevalecer, no caso brasileiro, um componente de neutralidade e não-alinhamento às superpotências e de universalismo diplomático do país.
Se eu tivesse de fazer alguma crítica a uma obra de análise tão rica, oportuna e inovadora como a do professor Dawisson Belém Lopes, seria a de que, considerando ser a sua uma abordagem sociológica, ele poderia talvez ter investigado de maneira mais extensa as ramificações de dois outros temas que aborda, as questões de gênero e raça.
Ao final da leitura, fica a dúvida se o livro é elogioso ou crítico em relação ao Itamaraty. Ao refletir a respeito, chego à conclusão de que os admiradores e os detratores da diplomacia brasileira se sentirão igualmente justificados com essa obra, e nisso reside um de seus méritos.
Para mim, como diplomata, foi uma curiosa sensação deparar-me com um estudo em que a instituição na qual se desenrola minha atividade profissional é observada e analisada com verdadeiro talento de entomologista.

Coluna publicada no Estado de Minas ontem, 6 de dezembro


 


Opinion - Sadly, Trump is right on Ukraine - Alan J. Kuperman (The Hill)

Não concordo com a exposição de fatos trazidos nesta matéria, assim como com a opinião do autor, mas creio relevante apresentar aos meus poucos leitores todos os elementos de informação que recebo diariamente sobre assuntos relevantes. Este é um deles: a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia.

Paulo Roberto de Almeida

=============

 

Opinion

Opinion - Sadly, Trump is right on Ukraine

Alan J. Kuperman, opinion contributor

The Hill, Tue, March 18, 2025 at 4:00 PM EDT

Source: https://www.yahoo.com/news/opinion-sadly-trump-ukraine-200000471.html

 Scroll 

I rarely agree with President Trump, but his latest controversial statements about Ukraine are mostly true. They only seem preposterous because western audiences have been fed a steady diet of disinformation about Ukraine for more than a decade. It is time to set the record straight on three key points that illuminate why Ukrainians and former President Joe Biden — not merely Russian President Vladimir Putin — bear significant responsibility for the outbreak and perpetuation of war in Ukraine.

First, as recently documented by overwhelming forensic evidence, and affirmed even by a Kyiv court, it was Ukrainian right-wing militants who started the violence in 2014 that provoked Russia’s initial invasion of the country’s southeast including Crimea. Back then, Ukraine had a pro-Russia president, Viktor Yanukovych, who had won free and fair elections in 2010 with strong support from ethnic Russians in the country’s southeast.

In 2013, he decided to pursue economic cooperation with Russia rather than Europe as previously planned. Pro-western activists responded with mainly peaceful occupation of the capital’s Maidan square and government offices, until the president eventually offered substantial concessions in mid-February 2014, after which they mainly withdrew.

Just then, however, right-wing militants overlooking the square started shooting Ukrainian police and remaining protesters. Police returned fire at the militants, who then claimed bogusly that the police had killed the unarmed protesters. Outraged by this ostensible government massacre, Ukrainians descended on the capital and ousted the president, who fled to Russia for protection.

Putin responded by deploying troops to Crimea and weapons to the southeast Donbas region on behalf of ethnic Russians who felt their president had been undemocratically overthrown. While this backstory does not justify Russia’s invasion, it explains that it was hardly “unprovoked.”

Second, Ukraine’s President Volodymyr Zelensky contributed to a wider war by violating peace deals with Russia and seeking NATO military aid and membership. The deals, known as Minsk 1 and 2, had been negotiated under his predecessor President Petro Poroshenko in 2014 and 2015 to end fighting in the southeast and protect endangered troops.

Ukraine was to guarantee Donbas limited political autonomy by the end of 2015, which Putin believed would be sufficient to prevent Ukraine from joining — or serving as a military base for — NATO. Regrettably, Ukraine refused for seven years to fulfill that commitment.

Zelensky even campaigned in 2019 on a promise to finally implement the accords to prevent further war. But after winning election, he reneged, apparently less concerned about risking war than looking weak on Russia.

Zelensky instead increased weapons imports from NATO countries, which was the last straw for Putin. So, on Feb. 21, 2022, Russia recognized the independence of Donbas, deployed troops there for “peacekeeping,” and demanded Zelensky renounce his quest for NATO military assistance and membership.

When Zelensky again refused, Putin massively expanded his military offensive on Feb. 24. Intentionally or not, Zelensky had provoked Russian aggression, although that obviously does not excuse Moscow’s subsequent war crimes.

Third, Joe Biden too contributed crucially to the escalation and perpetuation of fighting. In late 2021, when Putin mobilized forces on Ukraine’s border and demanded implementation of the Minsk deals, it seemed obvious that unless Zelensky relented, Russia would invade to at least form a land bridge between Donbas and Crimea.

Considering that Ukraine already was existentially dependent on U.S. military assistance, if President Biden had insisted that Zelensky comply with Putin’s request, it would have happened. Instead, Biden lamentably left the decision to Zelensky and pledged that if Russia invaded, the U.S. would respond “swiftly and decisively,” which Zelensky read as a green light to defy Putin.

More in World

B5A9E1F9-105E-42F6-903A-E1A97839989B.jpg

Zelenskyy says Putin’s vow not to hit Ukraine's energy infrastructure 'at odds with reality'

Associated Press

Stop Wasting Time Painting Your Garage Floor. Do This InsteadRenuityGarage Coating

Ad

3BB0A920-2B5A-47A9-8715-BD5A43514F08.jpg

Trump admin considers giving up NATO command that has been American since Eisenhower

NBC News

CB09F17C-D859-4825-AC3D-7F6EB00B353E.jpg

Trump administration says South African ambassador has to leave the US by Friday

Associated Press

Had Trump been president, he would not have provided such a blank check, so Zelensky would have had little choice but to implement the Minsk deals to avert war. Even if Zelensky had still refused and provoked Russia to invade, Trump would have denied him a veto over peace negotiations, which Biden recklessly gave by declaring, “There’s nothing about Ukraine without Ukraine.”

That pledge tragically emboldened Ukraine to prolong the war in expectation of eventually decisive U.S. military aid, which Biden then refused to supply due to fear of nuclear escalation. In that way, Biden raised false hopes in Ukraine, needlessly perpetuating a war that has killed or wounded hundreds of thousands in the last two years alone during which the frontlines have shifted by less than 1 percent of Ukraine’s territory.

The basic outlines of a deal to end the fighting are obvious even if details remain to be negotiated, as Trump and Putin started doing today in a phone call. Russia will continue to occupy Crimea and other portions of the southeast, while the rest of Ukraine will not join NATO but will get security guarantees from some western countries. The sad thing is that such a plan could have been achieved at least two years ago if only President Biden had made military aid conditional on Zelensky negotiating a ceasefire.

Even more tragic, whatever peace deal emerges after the war will be worse for Ukraine than the Minsk accords that Zelensky foolishly abandoned due to his political ambitions and naïve expectation of bottomless U.S. support.


Alan J. Kuperman is a professor at the University of Texas at Austin, where he teaches courses on military strategy and conflict management.

Copyright 2025 Nexstar Media, Inc. All rights reserved. This material may not be published, broadcast, rewritten, or redistributed.


Russia’s Reign of Terror: The Five Worst Atrocities in Ukraine - Chuck Pfarrer (Kyiv Post)

 Não sei se o Itamaraty precisa informar ao presidente Lula sobre estes mais “distinguidos” crimes de guerra contra a população civil ucraniana. PRA

Russia’s Reign of Terror: The Five Worst Atrocities in Ukraine

By Chuck Pfarrer, for the Kyiv Post
Nov 6, 2025

Three years into Putin’s war, Russia’s campaign of terror against civilians continues to shock the world.
From the bombing of the Mariupol Theater to the massacre in Bucha, Moscow’s forces have turned hospitals, train stations, and entire neighborhoods into killing fields.
In this episode of Point of Impact, former Navy SEAL Chuck Pfarrer reports on five of Russia’s worst war crimes — acts that define its reign of terror and Ukraine’s unbreakable resistance.
Each atrocity stands as a testament to both Russian cruelty and Ukrainian courage — from the children of Okhmatdyt Hospital to the survivors of Mariupol.
Justice is not yet served — but it’s coming.

https://youtu.be/qhfaNy9jQpc?si=1n3XAMBk1veBpoyE

O mundo em três tempos: 1925, 1945 e 2025 – Paulo Roberto de Almeida (Revista Será?)

O mundo em três tempos: 1925, 1945 e 2025

Paulo Roberto de Almeida

Revista Será? ANOXIV 

Como um mosaico histórico que conecta três momentos decisivos da ordem global, Paulo Roberto de Almeida analisa as forças que moldaram o século XX e as ameaças contemporâneas à estabilidade internacional.

 De Hitler ao atual cenário geopolítico, o autor expõe continuidades inquietantes e alerta para riscos de retrocessos civilizatórios. Um texto instigante para compreender os dilemas que atravessam 2025 e o papel do Brasil nesse tabuleiro mundial. 

Siga o link para o artigo.

https://bit.ly/3YcN5ya

Revista Será?

Por um diálogo crítico, independente e transformador.

 *Leia, Compartilhe e Apoie!* 

Apoie nosso projeto, seja um doador

PIX: pix@iepfd.org


©️ Revista Será? – Instituto Ética e Democracia (IED). Todos os direitos reservados.

sábado, 6 de dezembro de 2025

O multilateralismo vazio da diplomacia brasileira, ou melhor, da política externa - Paulo Roberto de Almeida

Reproduzo uma manchete de jornal: "BRICS é manifestação extremamente importante do multilateralismo", diz Mauro Vieira.
Isto ocorreu em abril de 2025, numa reunião de chanceleres do BRICS, preparatória a reunião de cúpula dois meses de depois, no Rio de Janeiro.
Os chanceleres do BRICS se reuniram novamente em outubro, à margem dos debates na Assembleia Geral da ONU, em NY.
Os chanceleres emitiram, nas duas ocasiões, enormes declarações finais, resumindo tudo o que eles haviam discutido nesses encontros. Pois eles conseguiram, nas duas vezes, falar de tudo e sobre tudo, mas em nenhum momento consta qualquer declaração sobre a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, certamente um veto russo a uma reunião fora do CSNU.
Surpreendentemente, o Brasil acata esses vetos, que vão contra nossos princípios e valores num ambiente multilateral, assim como conseguiu se abster numa resolução do Conselho de Direitos Humanos, em Genebra, uma renúncia vergonhosa de nossas posições tradicionais. Uma nota disse que a abstenção se deveu a que a resolução não era propensa ao diálogo, como se a Rússia fizesse algum diálogo em sua guerra criminosa de agressão.
Brasilia, 6/12/2025

Bertrand Arnaud: avaliação sumária da Estratégia de Segurança Nacional do governo Trump

Bertrand Arnaud efetua uma apresentação geral da Estratégia de Segurança Nacional do governo Trump (X):


This is big. The final U.S. National Security Strategy was just published and the refocus on the Western Hemisphere (i.e. the Americas) is confirmed.

The document clearly establishes this as the U.S.'s number 1 priority, saying that the U.S. will now "assert and enforce a 'Trump Corollary' to the Monroe Doctrine."

In terms of military presence, they write that this means "a readjustment of our global military presence to address urgent threats in our Hemisphere, and away from theaters whose relative import to American national security has declined in recent decades or years."

On China, a couple of points.

The most striking aspect to me is that China is NOT anymore defined as "the" primary threat, "most consequential challenge," "pacing threat," or similar formulations used in previous such documents.

It's clearly downgraded as a priority. Based on the document's structure and emphasis, the top U.S. priorities could be characterized as:
1) Homeland security and borders (migration, cartels, etc.)
2) Western Hemisphere (Monroe Doctrine restoration)
3) Economic security (reindustrialization, supply chains)
4) China and Indo-Pacific

To be clear they don't define China as an ally or a partner in any shape or form but primarily as 1) an economic competitor, 2) a source of supply chain vulnerabilities (but also a trading partner) and 3) a player who regional dominance should be "ideally" denied because it "has major implications for the U.S. economy."

Interestingly, I believe for the first time ever, they mention the possibility of being overmatched militarily by China:
- They write that "deterring a conflict over Taiwan, ideally by preserving military overmatch, is a priority": "ideally" clearly means that it's ideal, but not necessarily a given. The fact that they call deterring conflict over Taiwan merely "a priority" also suggests, by definition, that it's no more a top strategic priority, or a vital interest.
- On Taiwan they also clearly imply that if the U.S.'s "First Island Chain allies" don't "step up and spend - and more importantly do - much more for collective defense", then there might be "a balance of forces so unfavorable to us as to make defending that island impossible."

They still maintain that "the United States does not support any unilateral change to the status quo in the Taiwan Strait" but, clearly, there's a widening gap between what the US says it opposes and what it's actually willing to do about it.

Interestingly as well, contrary to previous such document, there is zero ideological dimension in the document when it comes to China. No "democracy vs. autocracy" framing, no "rules-based international order" to defend, no values-based crusade. China is treated as a practical issue to be managed, not an ideological adversary to be defeated.

In fact the document explicitly mentions, I think for the first time ever as well, that US policy is now:
- "not grounded in traditional, political ideology"
- that they "seek good relations and peaceful commercial relations with the nations of the world without imposing on them democratic or other social change that differs widely from their traditions and histories"
- and that they seek "good relations with nations whose governing systems differ from ours."

Which is quite a stunning departure from the rhetoric of the past few decades. We all knew this but it's now amply clear that the era of missionary liberal internationalism in US foreign policy is dead and buried.

The competition with China is primarily described in economic terms, explicitly so: they write the competition is about "winning the economic future" and that economics are "the ultimate stakes."

Notably, they admit that the tariffs approach "that began in 2017" when it comes to China essentially failed because "China adapted" and has "strengthened its hold on supply chains."

The new strategy, as described in the document, is to build an economic coalition against China that can exert more leverage than the US economy alone - a tacit admission that America just isn't powerful enough on its own anymore.

The contradiction is however obvious: unclear how you build an economic coalition against China while simultaneously waging trade wars against your coalition partners, demanding they shoulder more of their own defense, and treating every allied relationship as a deal to be renegotiated in America's favor.

At some point these "allies" will be asking a very obvious question: why sacrifice our economic interests to prop up an America that can no longer compete on its own - and that offers us less and less in return?

From: https://www.whitehouse.gov/wp-content/uploads/2025/12/2025-National-Security-Strategy.pdf

A estratégia de Trump para o Hemisfério Ocidental (extraído do documento global)

 A Grande Estratégia de Trump, agora publicada integralmente:

Transcriação parcial (p. 15-16): 

A. Western Hemisphere: The Trump Corollary to the Monroe Doctrine

After years of neglect, the United States will reassert and enforce the Monroe Doctrine to restore American preeminence in the Western Hemisphere, and to protect our homeland and our access to key geographies throughout the region. We will deny non-Hemispheric competitors the ability to position forces or other threatening capabilities, or to own or control strategically vital assets, in our Hemisphere. This “Trump Corollary” to the Monroe Doctrine is a common-sense and potent restoration of American power and priorities, consistent with American
security interests. 

Our goals for the Western Hemisphere can be summarized as “Enlist and Expand.”

We will enlist established friends in the Hemisphere to control migration, stop drug flows, and strengthen stability and security on land and sea. We will expand by cultivating and strengthening new partners while bolstering our own nation’s appeal as the Hemisphere’s economic and security partner of choice.

Enlist
American policy should focus on enlisting regional champions that can help create tolerable stability in the region, even beyond those partners’ borders. These nations would help us stop illegal and destabilizing migration, neutralize cartels, nearshore manufacturing, and develop local private economies, among other things. We will reward and encourage the region’s governments, political parties, and movements broadly aligned with our principles and strategy. But we must not overlook governments with different outlooks with whom we nonetheless share interests and who want to work with us.
The United States must reconsider our military presence in the Western Hemisphere. This means four obvious things:
• A readjustment of our global military presence to address urgent threats in our Hemisphere, especially the missions identified in this strategy, and away from theaters whose relative import to American national security has declined in recent decades or years;
• A more suitable Coast Guard and Navy presence to control sea lanes, to thwart illegal and other unwanted migration, to reduce human and drug trafficking, and to control key transit routes in a crisis;
• Targeted deployments to secure the border and defeat cartels, including where necessary the use of lethal force to replace the failed law enforcement-only strategy of the last several decades; and 
• Establishing or expanding access in strategically important locations.
The United States will prioritize commercial diplomacy, to strengthen our own economy and industries, using tariffs and reciprocal trade agreements as powerful tools. The goal is for our partner nations to build up their domestic economies, while an economically stronger and more sophisticated Western Hemisphere becomes an increasingly attractive market for American commerce and investment. 

Strengthening critical supply chains in this Hemisphere will reduce dependencies and increase American economic resilience. The linkages created between America and our partners will benefit both sides while making it harder for nonHemispheric competitors to increase their influence in the region. And even as we prioritize commercial diplomacy, we will work to strengthen our security partnerships—from weapons sales to intelligence sharing to joint exercises.

Expand
As we deepen our partnerships with countries with whom America presently has strong relations, we must look to expand our network in the region. We want other nations to see us as their partner of first choice, and we will (through various
means) discourage their collaboration with others.
The Western Hemisphere is home to many strategic resources that America should partner with regional allies to develop, to make neighboring countries as well as our own more prosperous. The National Security Council will immediately begin a robust interagency process to task agencies, supported by our Intelligence
Community’s analytical arm, to identify strategic points and resources in the Western Hemisphere with a view to their protection and joint development with regional partners.
Non-Hemispheric competitors have made major inroads into our Hemisphere, both to disadvantage us economically in the present, and in ways that may harm us strategically in the future. Allowing these incursions without serious pushback is another great American strategic mistake of recent decades.
The United States must be preeminent in the Western Hemisphere as a condition of our security and prosperity—a condition that allows us to assert ourselves confidently where and when we need to in the region. The terms of our alliances,
and the terms upon which we provide any kind of aid, must be contingent on winding down adversarial outside influence—from control of military installations, ports, and key infrastructure to the purchase of strategic assets broadly defined.
Some foreign influence will be hard to reverse, given the political alignments between certain Latin American governments and certain foreign actors. However, many governments are not ideologically aligned with foreign powers but are instead attracted to doing business with them for other reasons, including low costs and fewer regulatory hurdles. The United States has achieved success in rolling back outside influence in the Western Hemisphere by demonstrating, with specificity, how many hidden costs—in espionage, cybersecurity, debt-traps, and other ways—are embedded in allegedly “low cost” foreign assistance. We should accelerate these efforts, including by utilizing U.S. leverage in finance and technology to induce countries to reject such assistance.
In the Western Hemisphere—and everywhere in the world—the United States should make clear that American goods, services, and technologies are a far better buy in the long run, because they are higher quality and do not come with the same kind of strings as other countries’ assistance. That said, we will reform our own system to expedite approvals and licensing—again, to make ourselves the partner of first choice. The choice all countries should face is whether they want to live in an American-led world of sovereign countries and free economies or in a parallel one in which they are influenced by countries on the other side of the world.
Every U.S. official working in or on the region must be up to speed on the full picture of detrimental outside influence while simultaneously applying pressure and offering incentives to partner countries to protect our Hemisphere.
Successfully protecting our Hemisphere also requires closer collaboration between the U.S. Government and the American private sector. All our embassies must be aware of major business opportunities in their country, especially major government contracts. Every U.S. Government official that interacts with these countries should understand that part of their job is to help American companies compete and succeed.
The U.S. Government will identify strategic acquisition and investment opportunities for American companies in the region and present these opportunities for assessment by every U.S. Government financing program, including but not limited to those within the Departments of State, War, and Energy; the Small Business Administration; the International Development Finance Corporation; the Export-Import Bank; and the Millennium Challenge Corporation. We should also partner with regional governments and businesses to build scalable and resilient energy infrastructure, invest in critical mineral access, and harden existing and future cyber communications networks that take full advantage of American encryption and security potential. The aforementioned U.S. Government entities should be used to finance some of the costs of purchasing U.S. goods abroad.
The United States must also resist and reverse measures such as targeted taxation, unfair regulation, and expropriation that disadvantage U.S. businesses. The terms of our agreements, especially with those countries that depend on us most and
therefore over which we have the most leverage, must be sole-source contracts for our companies. At the same time, we should make every effort to push out foreign companies that build infrastructure in the region.

Trabalhos publicados por Paulo Roberto de Almeida como colunista (apenas no ano de 2025)

Trabalhos publicados por Paulo Roberto de Almeida como colunista

(apenas no ano de 2025)
Compilado por Pau1o Roberto de Almeida
Atualizado em 6 de dezembro de 2025

1586. “A ideia do interesse nacional: o papel da ferramenta diplomática”, portal Interesse Nacional (3/07/2025; link: https://interessenacional.com.br/portal/a-ideia-do-interesse-nacional-o-papel-da-ferramenta-diplomatica/). Relação de Originais n. 4952.

1587. “O Brasil e o seu grande desafio, a partir de uma releitura de H. G. Wells”, Publicado no Portal Interesse Nacional (28/07/2025; link: https://interessenacional.com.br/portal/o-brasil-e-o-seu-grande-desafio-a-partir-de-uma-releitura-de-h-g-wells/). Relação de Originais n. 4977.

1591. “Onde buscar o interesse nacional nos programas de governo? Nas mensagens presidenciais ao Congresso”, portal Interesse Nacional (18 agosto 2025, link: https://interessenacional.com.br/portal/onde-buscar-o-interesse-nacional-nos-programas-de-governo-nas-mensagens-presidenciais-ao-congresso/). Relação de Originais n. 5007.

1592. “O interesse nacional nas mensagens ao Congresso entre 1933 e 1937: ameaça das ideologias e centralização a favor do Estado”, portal Interesse Nacional (4 setembro 2025, link: https://interessenacional.com.br/portal/o-interesse-nacional-nas-mensagens-ao-congresso-entre-1933-e-1937-ameaca-das-ideologias-e-centralizacao-a-favor-do-estado/). Relação de Originais n. 5009.

1593. “A ideia do interesse nacional e da ferramenta diplomática”, Revista Interesse Nacional (n. 71, outubro-dezembro de 2025, p. 54-57; link: https://interessenacional.com.br/a-ideia-do-interesse-nacional-e-da-ferramenta-diplomatica/); edição completa do n. 71 da Revista Interesse Nacional (link: https://interessenacional.com.br/edicoes/numero-71/). Relação de Originais n. 4952.

1595. “As mensagens presidenciais de 1947 a 1960: desenvolvimentismo e inflacionismo”, portal Interesse Nacional (8 outubro 2025, link: https://interessenacional.com.br/portal/as-mensagens-presidenciais-de-1947-a-1960-desenvolvimentismo-e-inflacionismo/); republicado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/10/as-mensagens-presidenciais-de-1947-1960.html). Relação de Originais n. 5010.

1599. “Opções da diplomacia brasileira num mundo em desordem”, artigo publicado na revista digital Será? (ano xiv, n. 681, 24/10/2025, link: https://revistasera.info/2025/10/opcoes-da-diplomacia-brasileira-num-mundo-em-desordem/); divulgado no blog Diplomatizzando (24/10/2025, link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/10/opcoes-da-diplomacia-brasileira-num.html). Relação de Originais n. 5097.

1600. “Trump, ou a diplomacia pelo método confuso”, revista digital Será? (ano xiv, n. 682, 31/10/2025, link: https://revistasera.info/2025/10/trump-ou-a-diplomacia-pelo-metodo-confuso/); divulgado no blog Diplomatizzando (31/10/2025, link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/10/trump-ou-diplomacia-pelo-metodo-confuso.html). Relação de Originais n 5098.

1601. “Rupturas nas relações internacionais no contexto do triunvirato imperial”, Revista Será? (ano XIV, n. 683, 7/11/2025, link: https://revistasera.info/2025/11/rupturas-nas-relacoes-internacionais-no-contexto-do-triunvirato-imperial/; divulgado no blog Diplomatizzando (9/11/2025, link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/11/rupturas-nas-relacoes-internacionais-no.html). Relação de Originais n. 5104.

1602. “Política externa e diplomacia do Brasil: como são, como podem ser, 1/2”, revista digital Será? (ano xiv, n. 684, Recife, 21 de novembro de 2025; link: https://bit.ly/4o6CUpD ou https://revistasera.us2.list-manage.com/track/click?u=411db2b245b4b4625516c92f4&id=5960193be7&e=b9cc4cc5fd); divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/11/politica-externa-e-diplomacia-do-brasil.html). Relação de Originais n. 5109.

1603. “Política externa e diplomacia do Brasil: como são e como podem ser, 2”, revista Será? (ano xiv, n. 684, Recife, 21 de novembro de 2025; link: https://bit.ly/4o6CUpD ou https://revistasera.us2.list-manage.com/track/click?u=411db2b245b4b4625516c92f4&id=5960193be7&e=b9cc4cc5fd); divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/11/politica-externa-e-diplomacia-do-brasil.html). Relação de Publicados n. 1602. Relação de Originais n. 5110.

1605. “Mensagens presidenciais dos governos Jânio Quadros e João Goulart: crises políticas e ruptura democrática, 1961-1964”, Publicado no portal Interesse Nacional (1/12/2025; link: https://interessenacional.com.br/portal/mensagens-presidenciais-dos-governos-janio-quadros-e-joao-goulart-crises-politicas-e-ruptura-democratica-1961-1964/); Postado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/12/as-mensagens-presidenciais-de-1947-1960.html). Relação de Originais n. 5011.

1607. “O mundo em três tempos: 1925, 1945, 2025”, revista Será? (ano xiv, n. 686, Recife, 5 de dezembro de 2025; link: https://revistasera.us2.list-manage.com/track/click?u=411db2b245b4b4625516c92f4&id=c311615905&e=1647837395); divulgado no blog Diplomatizzando (link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2025/12/o-mundo-em-tres-tempos-1925-1945-2025.html). Relação de Originais n. 5128.


(...)

Uma estratégia destinada ao fracasso: a de Trump para o Hemisfério Ocidental - Paulo Roberto de Almeida

Uma estratégia destinada ao fracasso: a de Trump para o Hemisfério Ocidental

Paulo Roberto de Almeida

Os EUA já tiveram grandes estratégias na era contemporânea. A primeira, desenhada ao início da Guerra Fria, em 1947, contou com aportes significativos de militares e de técnicos vinculados à segurança nacional, inclusive a diplomacia, como a “doutrina da contenção” (da União Soviética), sugerida pelo diplomata George F. Kennan.

Depois acrescentaram algumas “teorias”, como a do dominó, que se revelou um desastre. Levou ao “over strecht”, que provocou excesso de extensão e de compromissos inviáveis economicamente. A quebra do padrão de Bretton Woods, em 1971, sinalizou a ruptura de um sistema que já era insustentável desde o final dos anos 1950.

Mas o poderio americano continuou a se exercer pela força de atração de sua economia e de um regime de liberdades inigualável no mundo, atraindo braços e cérebros de todo o mundo, enquanto perdurou esse dinamismo econômico e político.

Certos vícios americanos se acentuaram com a prosperidade, e a integração com o resto do hemisfério se fez pelas vias mais indesejáveis: drogas, de um lado, armas do outro. 

Um filho de imigrantes especialmente imbecil resolveu “corrigir” alguns problemas criados pelo próprio império em declínio relativo, em face do renascimento de um velho império asiático, não agressivo e não intrusivo (mas impérios estabelecidos costumam ser paranoicos).

Em lugar de definir uma estratégia de complementaridade para uma prosperidade comum, se decide pela “estratégia do enfrentamento” e se começa pelo próprio Hemisfério Ocidental, no qual perfila ao Sul uma América Latina pouco dinâmica, mas que é classificada como “problema”.

O fato de classificar a nova estratégia como sendo um “corolário Trump à doutrina Monroe” já revela a imensa ignorância de seus formuladores, que exibem uma pretensão absurda de “Enlist and Expand”, ou seja, de incorporar e de ampliar, como se seus autores pudessem determinar sozinhos e unilateralmente o curso dos eventos, da evolução e da sua própria interação com o resto do Hemisfério. 

Essa estratégia está destinada ao fracasso, mas enquanto durar o poder dos ignorantes no império declinante ela está destinada a provocar maiores fracassos e desapontamentos, para os próprios EUA e para os vizinhos ao sul do Rio Grande. 

Poucas vezes na história do mundo grandes impérios tiveram o cuidado de documentar e registrar o caminho de sua própria decadência e fracasso. 

A razão neste caso específico pode ser explicada: o documento não cuidou de “enlist and expand” o número e a diversidade de seus formuladores, mas permaneceu restrito ao pequeno núcleo de seguidores, bajuladores, conversos e submissos ao chefão ignorante, apenas focados em preencher suas fantasias numa terminologia artificial aparentemente triunfante.

Logo após o Western Hemisphere vem a Asia no documento, de onde virão exatamente os piores fracassos da “estratégia”, baseada numa nova doutrina de “contenção” simplesmente inaplicável, absurda e equivocada.

Os “aliados”, hoje desprezados, não vão rir, porque seria politicamente incorreto e pouco diplomático. O suposto “adversário” tampouco vai reagir; ao contrário, vai ficar quieto. Afinal, como já recomendava Sun Tzu, não se deve fazer nada quando o seu “inimigo” estiver fazendo bobagens.

A única coisa que Trump consegue produzir é uma bobagem atrás da outra, além de desastres para o seu próprio país e para o mundo.

De vez em quando, na história, surgem personagens que conseguem atravessar o curso dos eventos, pelos motivos os mais bizarros. A Guerra de Troia, finalmente, não está tão longe assim, e Trump pode ser apenas um novo Menelau. Depois teremos algum novo Homero para relatar a epopeia; por enquanto só temos alguns novos seguidores que pretendem reescrever Tucídides, esquecendo-se da ironia de que Atenas foi vencida por seus próprios erros diplomáticos. É o que está fazendo Trump, para desgosto de dirigentes normais ao redor mundo. Acontece


Paulo Roberto Almeida

Brasília, 6/12/2025